Todos os “mundos” do Google
[Por Manoel Fernandes Neto ]
Entender ou ser devorado por um algoritmo.
Se você ainda é daqueles que têm a esperança de ter controle sob o algoritmo do Google, que tal colocar o ‘pé no chão’ e criar realmente ações e promoções que tornem seu projeto, loja ou site acessado, e não ficar somente aguardando o resultado de buscas que nunca ocorrem.
Tenho mais de uma década de internet; comecei dois anos antes do estouro do Nasdaq. Bem antes de Sergey Brin e Larry Page criarem o algoritmo “mágico” que os enriqueceu.
Algoritmo bem útil para todos nós, mas colocado à prova por estudiosos. Será justa a relevância do Google? Ou, ainda, uma empresa como a Google, planetária, ficaria à mercê de serviços de otimização que são oferecidos no mercado, prometendo os primeiros lugares nas buscas específicas, independentemente da relevância do site?
Porque é isso de fato a grande essência do negócio da Google: facilitar para o usuário o acesso aos sites mais importantes. Sistemas, truques, tags fantasmas não irão transformar seu site em um site com conteúdo e serviços relevantes. O Google sabe disso, e remunera e trata bem uma legião de hackers para evitar a ação de serviços duvidosos.
São muitos os casos de sistemas maliciosos para criar uma relevância artificial para o seu site. Isto atinge todas as empresas de internet. Recentemente, um “Manipulador da App Store faturou mais de US$2 milhões “colocando” apps nos rankings da loja”.
A pergunta é a seguinte: você quer resultado real para o seu site, ou inflá-lo artificialmente?
Não estamos falando de acompanhamento de audiência. Ou inserção de boas tags, uma “linkania” entre as páginas do site, ajustes na arquitetura de informação. O assunto é desmascarar a panaceia em que se tornou “consultorias” destinadas a colocar seu site nas primeiras colocações dos mecanismos de busca, pondo em segundo plano o essencial: seu site precisa ter conteúdo de qualidade, ser útil aos visitantes.
Para quem procura resultados instantâneos na internet a receita de êxito pode parecer cansativa: combinação inteligente entre conteúdo, ações de marketing editorial, redes sociais, capacidade de linkar e adentrar outras comunidades, além da própria, combinado com algumas mídias off-line. Isso tem trazido muito resultado, além do Google. Hoje, o internauta que se prende somente até a terceira página dos mecanismos de busca acaba não vendo nada de internet, com mais de 1 bilhão de sites e páginas.
Sim, é importante ferramenta de busca. Mas não só isso. Digo por que: a força hoje está em quem me fala de algo: meus amigos, meu grupo de interesse. Uma pesquisada antiga revelou, certa vez, que somos capazes de ter 300 amigos e conhecidos fiéis. Trezentos é um bom número de disseminadores para qualquer negócio, não é mesmo?
Mas há algo ainda mais estranho no reino dos mecanismos de busca e redes sociais.
Eli Pariser, cofundador do instituto político Move On, autor de A Bolha do Filtro e O que a Internet Está Escondendo de Você denunciou que em cada busca o usuário só encontra sites de acordo com seu perfil de usuário, criando um filtro, um mundo separado para cada pessoa, eliminando da vida do ser algo essencial para o seu progresso: a liberdade de descobrir coisas novas.
O que encontro em minha busca no Google é diferente daquilo que você encontra. Vivemos em mundos “separados”.
Em uma entrevista recente, Eli Pariser afirmou: “Nós costumamos pensar na rede como uma gigantesca biblioteca, na qual serviços como o Google nos suprem com um mapa universal. Não é mais o caso”.
Você pode assistir no TED à palestra do pensador, e vai perceber mais um pouco que vale mais a pena um trabalho de qualidade para o seu site do que receitas mágicas e falsas.
(Por Manoel Fernandes Neto, 49 anos, é jornalista e diretor de www.cmm.art.br )